Ser Repórter é...

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terça-feira, 6 de julho de 2010

Diploma: ter ou não ter? Eis a questão!

Por Cinthia Guimarães

O dia 17 de junho vai ficar registrado na memória de todos os jornalistas brasileiros. O fatídico dia em que ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e demais colegas puseram fim a obrigatoriedade do diploma para jornalista. Acho que todo mundo teve vontade de execrá-lo, matá-lo, ainda mais depois de uma comparação esdrúxula da classe com cozinheiros. Nada contra os cozinheiros, pois minha mãe cozinha muita bem! Isso foi considerada uma notícia aterradora que atingiu em cheio a moral daqueles acostumados a grandes tragédias sociais. Meu pai até me disse assim: “minha filha, você tem que fazer outra faculdade”.

Eu pensei... E daí, o que eu vou fazer com meu belíssimo diploma conquistado com tanto esforço intelectual? Calma! Nem tudo está perdido! Na minha opinião (que não é grande coisa), a formação acadêmica e o exercício jornalístico são indissociáveis e complementares. Esse equilíbrio é necessário. Explico porque:

A formação universitária é necessária, mas não vale por si só para ser considerado jornalista. Admiro os fanáticos pela academia que conseguem emendar várias especializações e mestrado. Ponto para eles. Mas como teorizar sobre o que você nunca vivenciou? Nunca soube o que a ansiedade de um “dead line” e o delírio de uma notícia? O que ele vai ensinar aos seus alunos futuros jornalista? Já vi muita gente perdida ensinando um jornalismo utópico que só conheceu nos livros. Jornalismo é vivência, teoria e prática.

Eu fico extremamente irritada quando ouço aquele discurso sectarista: “Ah, eu já aprendi tudo na prática, pra que me formar naquela droga de faculdade”? Nada mais óbvio vindo de alguém que quer justificar seu fracasso e trajetória de péssimo aluno que não teve a competência de terminar uma monografia. Claro que há suas exceções.

A experiência universitária é fundamental. Não é pela ética, já que isso não se aprende na academia. Ética é um exercício cotidiano no caráter. A universidade te ensina a exercitar o raciocínio, a formar sua visão de mundo, a criticizar e a se familiarizar com as ciências humanas e seus conhecimentos correlatos ao jornalismo.

Jornalista, conhecido como especialista em generalidades, deve ser um eterno aprendiz, um leitor pulsante, um devorador de livros, um constante entusiasta. Especialmente quando ele sabe o rumo que sua carreira que tomar. Política, economia, cultura, esportes, assessoria, televisão, rádio, internet, impresso, on-line. Há várias vertentes.

Digo que vale a pena estudar. Não embrulhe peixe com o seu diploma. Só eu sei o que passei pra chegar a ter aqui para conquistar o meu. O quanto foi sonhado, sofrível, compensado. Da maratona do vestibular, aos desafios do aprendizado e às dificuldades financeiras para manter a faculdade. É difícil ver tudo isso tão desvalorizado e ceder espaço a quem nunca soube o que foi esse esforço. Por isso defendo a manutenção do diploma. Quem é formado sabe disso.

O meu tem um lugar cativo. Cinthia Mara Guimarães Moura: Bacharel em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Federal do Amazonas. Guardo com muito orgulho.

TODOS OS TEXTOS SÃO DE RESPONSABILIDADE DOS AUTORES, NÃO COINCIDINDO, NECESSARIAMENTE, COM O PONTO DE VISTA DA EQUPE VIDA DE REPÓRTER

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