Ser Repórter é...

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sábado, 26 de junho de 2010

O que um ‘foca’ não faz por uma vaga no jornal...

Por Raphael Cortezão

Escrevo o ‘causo’ abaixo, que marcou a minha entrada no jornal Diário do Amazonas, entre novembro e dezembro de 2008, depois de ser ameaçado via Twitter pela guardiã dos repórteres oprimidos, ‘santa’ Mônica Figueiredo. A história reflete um pouco do que passamos no dia-a-dia para conseguir nossos empregos e, claro, nos mantermos nele.

Em novembro de 2008, fui convidado pela então subeditora de Cidades do Diário, Hélida Tavares, a fazer o famigerado teste para uma vaga que seria aberta no mês seguinte na editoria. Fiquei contente e ao mesmo tempo preocupado, pois já tinha ouvido falar dos ‘testes’ no Diário durante a faculdade. Mas fui.

No dia e hora marcados, lá estava eu na redação do jornal com meu bloquinho, gravador e óculos escuros de sempre. Eis que surge a pauta que me daria (ou não) a bendita vaga no jornal. “Eu quero que você vá ao Centro para traçar um perfil dos mendigos e moradores de rua que dormem naquelas praças e calçadas de lá. De onde eles vêm, quem são...”. Pronto. Fiquei atônito, sem saber como iria fazer aquilo, mas como bom orgulhoso que sou, fiz cara de “ah, moleza” e fui para o Centro com o fotógrafo Evandro Seixas.

Comecei a percorrer as praças e literalmente a acordar os mendigos que encontrava. Para me nivelar a eles, me sentava no chão, perguntava tudo baixinho, sem gravar nada, e o Evandro fotografando tudo de longe. Tomei alguns ‘chega pra lá’ de alguns moradores de rua que não estavam de bom-humor naquele dia (quem estaria?), mas já no terceiro mendigo entrevistado, achei que estava indo bem. Ledo engano.

Eis que, na praça da Matriz, vi um senhor deitado no alto das escadarias, que aparentava ter aproximadamente 70 anos. Minha intuição me dizia para tentar ouvir a história daquela pessoa, que trazia no rosto e nas vestes marcas profundas de sofrimento. Fiquei ‘por ali’, e o homem acordou. Seu nome era Carlos Gomes (não esqueci...), tinha 51 anos e, pasmem, não estava bêbado.

Me contou, tranquilo, que veio de Boa Vista (RR) depois de uma briga com a ex-mulher, não conseguiu emprego e passou a dormir na praça da Matriz há 16 anos. Seu trabalho era vender latinhas metálicas para empresas de reciclagem. Até aí, ele sentado, contando a história, eu ouvindo e anotando tudo.

O fotógrafo Evandro Seixas me olhava preocupado e eu não entendia. Quando entendi, já era tarde. Seu Carlos estava de costas para o sol, o que impedia Evandro de fotografá-lo. Claro que ele usou o flash, mas o mendigo não gostou nem um pouco, se levantou rapidamente e começou a arremeter socos e pontapés loucamente na direção da câmera do Evandro, que se afastou e me deixou lá sozinho, branco de medo, foca, sem saber o que fazer. Seu Carlos gritava: “Vocês não vão ganhar dinheiro às minhas custas! Morro de fome todo dia e vou pagar o almoço de vocês com a minha imagem?!”.

Na hora me ocorreu que ele deveria estar com fome. Calmamente, propus a ele que, se me contasse sua história e permitisse que fizéssemos foto à vontade, pagaria o almoço dele no lugar que ele escolhesse. Falei a palavra mágica. Ele se acalmou, deixou o Evandro tirar a foto que quisesse, me contou o resto da história e depois disse: “quero comer naquela barraca ali”, apontando para uma barraquinha de comida baiana.

Voltei para a redação como se tivesse sido a pauta mais fácil da minha vida, escrevi a matéria e fui embora, rindo de mim mesmo e pensando em tudo o que um repórter ‘foca’ precisa fazer para conseguir sua primeira oportunidade. O jornal publicou a matéria em página inteira no dia 16 de novembro, com uma foto imensa do seu Carlos Gomes. Paguei o almoço do mendigo, paguei um mico fenomenal na praça da Matriz, mas fui contratado um mês depois no dia 10 de dezembro.

TODOS OS TEXTOS SÃO DE RESPONSABILIDADE DOS AUTORES, NÃO COINCIDINDO, NECESSARIAMENTE, COM O PONTO DE VISTA DA EQUPE VIDA DE REPÓRTER

terça-feira, 22 de junho de 2010

Deus que te livre, mano ...

Por Ana Carolina Barbosa

Um certo dia (7/07/2008), chego eu na redação do EM TEMPO, feliz da vida, pois já tinha captado quase toda a pauta que eu sugeriria ao editor em seguida para dar uma de “ágil ao extremo” e que, consequentemente, o faria me achar a mais linda repórter do mundo - pois iniciativa falta a alguns na nossa profissão- , eis que surge a melhor notícia do dia: mais um naufrágio no Amazonas. Dessa vez no rio Solimões, próximo a Manacapuru. Adivinhem quem era o plantão? Só uma chance. Começa com A. Ana Carolina Barbosa Gil de Souza, ou seja, eu mesma.

Foi um dos dias mais terroristas da minha vida. Primeiro porque tive de ir de helicóptero para o local onde ocorreu o naufrágio, e eu morro de medo de altura. Segundo porque, ao chegar lá, começaram os resgates dos corpos e, como não há IML no local, eles eram “armazenados” em uma escola. Imaginem o que era essa situação. Quando entrei na sala para observar os primeiros corpos, me deparei com uma caveira. Tudo bem que dezenas de pessoas morram, vidas cessadas, famílias destruídas e tudo mais – deixo claro que me sensibilizo com os familiares, afinal, é duro perder alguém querido-, mas uma caveira em meio aos mortos é demais pra minha cabeça.

Quando encontrei um bombeiro para pegar os nomes das vítimas, óbvio, perguntei o que havia acontecido com aquela mulher (depois confirmei o sexo, pois só o que restava dela era uma calça e os cabelos), e ele, mais constrangido que eu, disse: “foi um candirú, minha filha”. Nossa!!! Desse dia pra frente descobri o que um simples candirú pode fazer e se algum dia eu pensei em comer um – se é que alguém come esse carnívoro das trevas – desisti naquele momento. Resumo da ópera: pior do que comer um candirú é ser comido por um, ou por um cardume, no caso. Como diria meu primeiro editor em jornal (Augusto Banega): Deus que te livre, mano!!!

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segunda-feira, 21 de junho de 2010

Cego e surdo? Não creio...

Por Natália Lucas

Dizem que jornalista tem direito a dois feriados no ano: natal e ano
novo. Mentira. É um só. Temos que escolher um dos dois. Eu sempre
prefiro trabalhar no Natal, por sinal é o dia do meu aniversário. Você
deve tá dizendo: “olha que legal”! Não, não é legal!

Mas vamos ao que interessa: mico ao vivo em pleno reveilon. Jornalista
mais foca do que eu naquele tempo não devia ter. Comecei a trabalhar
na área com 20 anos. Minha primeira experiência foi no Portal
Amazônia. De lá sai para trabalhar no Amazon Sat, empresa do mesmo
grupo. Trabalho totalmente diferente já que eu ia ser apresentadora e
repórter.

Comecei em abril de 2008 com um programa próprio, no entanto, gravado.
Oito meses depois recebo a escala do final de ano e lá estou eu na
transmissão do Reveilon na praia da Ponta Negra. Não foi o meu
primeiro ao vivo. Depois, em outro post, eu conto a história do
primeiro vivo na apresentação de um jornal.

O mais desesperador é que eu seria a repórter âncora da transmissão,
ou seja, teria que fazer várias entradas ao vivo, com as principais
atrações da noite e ainda segurar todo o vivo. O pior ainda estava por
vim.

Fazer vivo não é nada fácil. Você tem que ter uma bagagem de
informação extensa e falar, falar, falar... Nada de falar besteiras e
ficar repetindo as mesmas palavras. Vocabulário é tu-do!

Entrevistei o zezinho correia que, claro, cantou: “bate forte o
tambor. eu quero tique-tique, tique-tique tá...”

Pra mim a entrevista mais esperada da noite era com o levantador de
toadas do garantido, na época, David Assayag. Eu sou garantido! “Da
baixa do São José”... Fiquei ansiosa e repassei diversas vezes o texto
e as perguntas pra fazer ao David. Regra 1 de um ao vivo em eventos
barulhentos: faça perguntas curtas e o mais próximo possível do ouvido
do entrevistado. Se não fizer isso ele vai ficar no vácuo e você
também. Claro, se ele não estiver usando o retorno.

Na hora de entrar com ele ao vivo recebo as coordenadas do diretor de
TV, que tá sempre berrando no teu ouvido: um minuto... segura... daqui
a dois minutos... deu problema... segura o entrevistado... atenção...
vai...

Aí eu fui. Fiz a entrada falando da festa e dizendo que já estávamos
perto da meia noite e quem ia comandar a festa na queimada dos fogos
era ele: David Assayag. Na hora de fazer a primeira pergunta ele não
ouviu. Primeiro porque eu falei baixo e segundo porque ele é alto
(pelo menos pra mim) e eu não alcancei o ouvido dele. Parado e calado
ele estava. Calado e parado ele ficou. Fiquei nervosa com o microfone
direcionado pra boca dele e ele nada de responder. O diretor e a
equipe da cabine, ao invés de me ajudar, tiraram foi uma onda e
gritaram no meu ouvido: “não sabia que ele era surdo não”?

Sim, o nervosismo me fez pensar, por questões de segundos, que ele era
surdo. Oh, god! Cego e surdo... Segundo depois eu reagi e refiz a
pergunta gritando no ouvido do David. Dessa vez ele respondeu e foi um
alívio pra mim.

O resultado disso tudo foi que a galera na redação tirou maior onda
comigo. Fizeram até um vídeo com uma edição bem zoada da minha cara.
Eu fazendo a pergunta e um relógio enorme na tela que dava a noção do
tempo que levou pra eu repetir a pergunta e o David responder.

Depois disso ainda tive que segurar 15 minutos de vivo na hora da
queima dos fogos. Foi o sufoco da minha vida!!! Eu falava dos fogos,
dos cantores no palco, do povo na praia, na arquibancada, do povo nos
prédios, da iluminação da orla, dos barcos e lanchas no rio, do céu
iluminado, das ‘ondinhas’ que o povo pulava na praia e disso, daquilo
e daquilo outro e já não tinha mais o que falar... Nossa mãe! Depois
de tanto falar e falar a frase Praia da Ponta Negra já tinha virado
“Palaia da Ponta Negra”. Quando fui assistir ao vídeo, na redação,
percebi que praia tinha saído, algumas vezes, como palaia.

Caros amigos essa foi uma experiência que não esqueço. Valeu muito
para aprender. Não posso deixar de ressaltar que nessa hora a minha
amiga Renata Felix, também jornalista, me salvou. No meu ouvido ela ia
me orientando a falar isso e aquilo. A chamar a atenção do
telespectador para imagens que ela via dentro da cabine e eu não.
Mandou bem e me salvou de falar besteiras.


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sábado, 19 de junho de 2010

Todo baixinho é encrenqueiro?

Por Mariane Cruz

Há um ditado popular que diz que todo baixinho é encrenqueiro. Eu tenho 1,57m de altura. Sou baixinha e me considero uma encrenqueira. Aprendi a não levar desaforo para casa. Na profissão, o que não posso levar é dúvida para o leitor e é isso o que procuro: esclarecimentos.

Como repórter de Polícia, as notícias, às vezes, parecem iguais todos os dias. Numa dessas andanças, encontrei a história de um preso na Delegacia de Homicídios. O delegado da época –não vou citar nome, afinal ele nem é mais delegado – relatou a história que o rapaz era suspeito de matar uma pessoa.

No entanto, ele não havia sido preso em flagrante e nem por força de um mandado judicial. Lembrei que um cidadão só é passível de prisão nessas duas condições e questionei: essa prisão não é ilegal, doutor? Como resposta, ele disse que pediria a prisão do homem à Justiça no dia seguinte. Esta poderia conceder ou não. Fui embora.

Confirmei minha suspeita com o Ministério Público Estadual, que foi à delegacia averiguar a veracidade da informação. Nem preciso dizer que o delegado ficou “feliz da vida” comigo.

No dia seguinte, na ronda de rotina, fui recebida friamente pelo delegado. Ele estava “dispensando” o preso. Disse que o Diário – veículo no qual eu trabalhava na época – soltava bandidos. Isso na frente do indivíduo, que deveria estar me amando. Eu respondi: “se o senhor fizesse seu trabalho direito, isso não estaria acontecendo” . Não sei de onde tirei coragem pra falar aquilo. Ele não quis me dar informação e fui buscar com outra fonte.

Confesso que fiquei nervosa na hora, mas fingi ser a mulher mais forte do mundo. Cheguei no carro para seguir em frente, liguei pro meu editor – na época, Mário Freire – e desabei, com medo que o delegado fizesse alguma coisa contra mim. Ele me acalmou e disse pra eu escrever a história, que ela seria publicada no dia seguinte. Tive receio de causar mais encrenca, mas obedeci.

No dia seguinte, me tiraram da ronda policial. Não encontrei mais esse delegado. Ele foi para outra instituição do Estado. Colegas repórteres diziam que ele ficou ‘fulo’ da vida. Se queixava sempre que podia, afinal o trabalho dele havia sido questionado não só por mim, mas pelo MPE. Acho que era o que mais lhe doía.

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quarta-feira, 16 de junho de 2010

Ring, ring tones: uma questão de etiqueta social

Por Cinthia Guimarães

Nada mais vexatório do que celular tocando em momento inconveniente, não? Essa é uma cena mais que comum para os desatentos de plantão!
Isso pode acontecer com qualquer um. Até comigo, embora seja quase sempre cautelosa e silencie meu celular! Foi um lapso de memória.

No dia acidente aéreo que vitimou os funcionários da Seduc estava no plantão das 16h (uma fatalidade pra mim). Não exatamente para cobrir o desastre, mas para acompanhar o rescaldo da história. Mais tarde fui mandada para o Instituto Médico Legal (IML) que neste dia estava bastante movimentado por parentes e amigos das vítimas que aguardavam a identificação dos corpos. E meu editor liga na hora da entrevista. Como esqueci de colocar o telefone no vibra call, a trilha sonora foi Suddenly I see. Pra quem não sabe, é aquele musiquinha bonitinha de um antigo comercial da Claro. Nada mais propício num momento fúnebre, não acham? O mico! Pedi desculpas da entrevistada. Fiquei super constrangida!

Olha essa. Em entrevista coletiva no Ministério Público do Estado (MPE), o mico da vez foi de um nobre colega do jornal concorrente. Enquanto o sério promotor falava, a baladinha “Te amo”, da Rihana (tantstantstamtam...) bombava no celular do amigo jornalista, que mesmo assim decidiu atender e ficar de papo naquela hora, deixando o polido senhor desconcentrado.

Em outra coletiva, outra colega sirigaita resolve constranger todo mundo ao atender o celular (que tocava pela 2ª vez) que tocava o hit sertanojo “Chora, me liga, implora...”. Mais dor de cotovelo, impossível. Ela, toda sassarica (acho que falava com alguma paquera), ficou papeando... esqueceu da etiqueta social e de pedir desculpas. Sorte a dela de não ser constrangida pelos entrevistados que eram muito educados.

Depois do mico, estou muito mais precavida. Então, galera, dêem um tempo no celular nesses momentos. Ainda mais se o seu toque for aquele da banda Calypso, Luan Santana ou pagodinho de corno. Please, poupemos o ouvido alheio! Pelo menos pra sua fonte pensar que você é um jornalista sério!

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Anúncio das cidades subsedes da Copa de 2014

Por Daisy Melo

Em tempos de Copa do Mundo lembrei de um episódio interessante (pelo menos eu acho!) que passei em maio do ano passado.

Estava escalada para trabalhar às 14h, no dia do anúncio das cidades que seriam subsedes da Copa de 2014. Num calor dos infernos, fui toda serelepe com o Rafael Cortezão, que ficou encarregado de cobrir o ‘lado político da festa’ e essa que vos fala estava encarregada de falar com o público, que tinha ido lá mais por causa do show do Jota Quest do que por outra coisa.

Cheguei e me meti logo no meio do povão. Além do sol, que me fazia suar mais do que pano de cuzcuz (como diria minha avó), ainda tinha que agüentar o jingle do governo tocando ininterruptamente. É por isso que eu tenho orgulho de ser amazonense!

Para acabar de completar, o ser em estado etílico alterado ainda ficava me pedindo para entrevistá-lo. “Ta, fala ai?”, disse com esse meu jeito meigo de ser. O bafo era o de menos. O cara com a língua toda enrolada começou a falar e me cuspir.

Isso mesmo, me cuspir! Depois que consegui me livrar dele, os bombeiros começaram a jogar água para amenizar o calor do povo. E eis que acabo levando um banho. Minha única reação foi tentar proteger o bloquinho, onde estava fazendo as anotações.

Para finalizar, quando Manaus foi anunciada uma das subsedes (EU JÁ SABIA!), tomei um outro banho. Dessa vez de cerveja! Toda lambuzada, voltei para a redação para escrever a matéria!

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terça-feira, 15 de junho de 2010

O Naufrágio

Por Mônica Figueiredo

5 de abril de 2009. Domingo de Ramos. Plantão. Durante a ronda policial finalmente lembrei de ligar para o Corpo de Bombeiros. Ocorrência: naufrágio no município de Itacoatiara. A pessoa que me atendeu tinha poucas informações para passar. Apenas o nome do barco, possível hora e local aproximado.

Meu plantão naquele dia se resumiria a cobertura da missa de Ramos na Catedral e um homicídio. Se resumiria. Na minha agenda busquei algum número de Itacoatiara. Achei um que dizia ser da Capitania dos Portos. Errado: era de um cidadão qualquer que por sorte sabia do ocorrido. Barco Dona Zilda, X passageiros, Y desaparecidos. Ótimo, dava pra fazer algo. Segui para minhas outras pautas.

Já estava na Catedral quando a secretária da redação me ligou dizendo que o "chefe" queria que eu fosse pra Itacoatiara. Queria que eu fosse e rápido! Comuniquei o fotógrafo que estava comigo, ele não gostou da ideia, mas fazer o que.

Como sou teimosa, decidi passar em casa para pegar meu computador e alguma roupa. - Pra que? você vai voltar hoje ainda! Nem vai precisar! me falaram! ok mas, sou teimosa.

Em menos de uma hora, já estávamos na estrada. Eu, o fotógrafo e a equipe da TV. Em quatro horas (ou menos) chegamos em Itacoatiara e fomos informados que o naufrágio tinha ocorrido no local distante a uma hora de voadeira (aquelas lanchas). Fomos com o prefeito (detalhe: eu morro de medo de voadeiras) .

Para encurtar a história foram cinco dias de buscas e nada de encontrarem os corpos e o barco. Foram horas e horas de espera no rio Amazonas íamos por volta das 7h da manhã e voltávamos às 19h. No primeiro dia foi tranquilo, a partir daí a coisa desandou. Não tínhamos notícias e seis pessoas estavam desaparecidas. Voltamos pra Manaus no segundo dia e no dia seguinte encontraram um corpo e tivemos que retornar.

Já estava esgotada física e psicologicamente. Tinha que dormir tarde, num hotel, depois de enfrentar a péssima conexão de internet de uma lan house para passar o material. Durante o dia vimos outro corpo ser resgatado, mas estávamos voltando do almoço e perdi a cena. Até aí tudo bem.

O último dia de busca foi o pior dia da minha vida. Estava no barco acompanhando quando um corpo de uma das vítimas boiou na minha frente. A cena mais horrível da minha vida, vez ou outra ainda tenho pesadelos. Não apenas pelo corpo em si, mas pelo fedor devido ao avançado estado de decomposição. Já era tarde, estava escurecendo, estava num barco no meio do rio Amazonas ouvindo o barulho de um monte de bichos estranhos (pra mim) e ainda tinha gente morta embaixo de mim!

Depois desse boiaram os outros. Eu já estava com o texto quase pronto esperando apenas a quantidade de corpos. Mas, estava nervosa, com medo e passando mal. Liguei para minha editora (quase chorando) e passei o texto por telefone. O câmera da TV passou mal e eu não estava legal também. Vomitei dentro do rio!

Voltamos todos em silêncio. No meio do rio era tudo tão escuro que ninguém enxergava nada! Fomos bater no hospital e adivinhem: os corpos tinham sido levados pra lá. Todo o quarteirão estava podre. Fomos bater na delegacia e descansamos num único lugar pra sentar que tinha: um velho banco de madeira.

Voltamos para Manaus nesse mesmo dia e aquelas imagens não saiam da minha cabeça. Todo mundo dormiu no carro (até o motorista eu acho) menos eu! Gente chorando, familiares desesperados, falta de notícias. No porto eles esperavam a nossa chegada como se tivéssemos boas notícias. Mas, não!

Foi muito triste e estava abalada! O depoimento ficaria muito longo se eu contasse tudo aqui! Naquele momento passei a ter certeza que não somos nada. E que não vale a pena as pessoas serem tão esnobes se terão o mesmo fim que aquelas pessoas que no momento de desespero ficaram presas no barco e perderam suas vidas.

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Repórter de Polícia

Por Mariane Cruz

Eu era foca, em 2004, no Diário do Amazonas. Depois de alguns meses na redação, um colega – que assumiu um cargo de chefia – disse: você tem perfil de repórter de polícia. Até hoje não sei que perfil é esse, mas não é que eu gostei da editoria?

Numa das rondas (ligações e visitas às delegacias), descobri o caso de um menino de oito anos (acho que essa era a idade dele) acusado de homicídio. O caso havia acontecido no ramal Cristo Rei, bairro Tarumã. Fui até lá para saber o que, de fato, havia ocorrido.

Encontrei familiares do garoto em volta de um caixão que estava em cima de uma mesa. Tratava-se de uma família muito humilde. Nas comunidades rurais do Amazonas é comum a presença de espingardas. Essa foi a arma do crime.

Era hora do almoço. A mãe pediu que o filho buscasse farinha no quarto. O mantimento estava guardado dentro do guarda-roupa, perto da espingarda. Curioso, o garoto esqueceu a farinha e só teve olhos para a arma. Pegou-a na mão e passou a brincar com o objeto.

Percebendo a demora, a mãe chamou pelo filho. Entretido, ele não deu atenção. Foi quando ela resolveu ir até o quarto para saber o que estava acontecendo. Quando chamou pelo nome do filho, recebeu um tiro como resposta. O susto o fez disparar acidentalmente. A bala transfixou a cabeça da mulher, que morreu na hora.

Depois daí, a família preferiu evitar que o menino visse a mãe. Ele só falava: matei minha mãe!

No dia seguinte, a delegada de proteção à criança e ao adolescente, na época, doutora Graça Silva, foi ate à casa da família prestar atendimento ao menino. Era a primeira vez que ele veria a mãe morta, dentro do caixão.

Ele era menor que a altura da mesa. Lembro bem que colocou as mãozinhas nas beiradas do caixão e chamou: mãe... mãe... e, já sem forças, passou a chorar copiosamente.

Até hoje me comovo com essa história. Não lembro o nome dessa criança. Não sei o que aconteceu com ele, mas espero que ele tenha se perdoado pelo acidente que causou. Infelizmente, estamos sujeitos a isso.

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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Fé não se descreve, só se sente...

Por Carlos Eduardo Matos ( @CaduNews )

Na adolescencia, fui estivador de um supermercado. O estabelecimento era do meu pai. Sim, o cara era foda. Não havia regalias. Aos 14 anos, eu já carregava dianteiros bovinos nas costas. Desossava quartos de boi e tudo mais. Na época, também era lutador de judô. E advinha quem era meu mestre? Porrada dentro e fora do trabalho. O fato de ser filho do dono de um supermercado não significava conforto, dinheiro no bolso, não.
Passei a sofrer com dores no lombar. Chorava de dor. Fisioterapias, chás, massagens. Nada resolvia. Até que alguém disse para eu procurar um neurologiasta. Aos 22 anos (já era repórter), descobri que tinha uma hérnia de disco bem grande, inflamada, mais parecia uma hérnia de vinil. Já havia passado pelo Em Tempo, fui estagiário do Diário do Amazonas (na época que ele era vermelho) e estava na TV A Crítica. Como hérnia não surge do nada, creio que foi algum excesso de força durante o trabalho ou no esporte que resultou num trauma na medula.

O médico condenou. Disse que a operação seria a única saída, mas havia 70% de chances de dar errado. Se não fizesse, poderia ir pra cadeira de rodas.
Ah...não contei que sou espírita. Minha mãe havia descoberto um hospital espírita em Manaus, chamado "Sagrado Coração de Jesus", no bairro Planalto. Se a medicina dos homens não dava jeito, a solução seria recorrer à fé - medicina espiritual baseia-se nela.

Dona Ida, a médium que trabalha com o apoio de uma equipe médica espiritual, disse: "Olha, seu quadro é muito ruim. Você tem duas hérnias de disco, inflamação no nervo ciático e, pra piorar, o seu estresse é muito grande. Você trabalha com o quê?", perguntou. "Sou repórter", disse. Não era formado pra dizer que era jornalista. "Vixi, meu filho, você tem que dar um jeito na sua vida!!!". Comecei a rir. "Seu quadro de estresse é perturbador! Como é que vc vai querer se curar?". "A solução é cirurgia. Você esteja aqui no dia tal, hotário tal, vista-se totalmente de branco e traga uma garrafa de vidro com água mineral. Venha em prece".

O relato que faço agora é de um repórter, que se submeteu a um procedimento atípico o qual nem todos acreditam.

Pra minha surpresa., o chefe de RH da TV, o Chiquinho, acreditou na minha história e deu 15 dias de licença. O Álvaro Corado, meu chefe na época, também acreditou e concedeu a liberação. Contei a verdade. O que diria pra eles? Eles só pediram um atestado qualquer.

Chegou o dia da cirurgia. Eram 17h30. O horário de entrada era 18h. Havia muitas no pátio do hospital. Crianças, jovens, idosos...gente de toda parte de Manaus e até do interior em busca de cura. Problemas cardíacos, ortopédicos, neurológicos, até câncer. Todos ali de branco, com a garrafa d'água nas mãos.
Antes do procedimento, cada paciente banha-se com água misturada com alfazema. "Sr. Carlos Eduardo? Por favor, deite-se de costas. Agora, fique em prece", disse uma das monitoras. Depois, cobriu-me com um lençol.
O hospital tinha um aspecto antigo, mas limpo, refrigerado. No salão, dezenas de camas com lençóis brancos, logo ocupadas pelos pacientes, preenchiam o espaço. Ao fundo, uma mesa para reunir todas as garrafas d'água, cada uma etiquetada com o nome da pessoa que a trouxe. No centro, a imagem de Jesus Cristo. Num certo horário, depois que todos estavam acomodados, a luz ambiente diminuia, uma música relaxante ecoava baixinho. Entrei em prece. Pedi a Deus que se fosse do meu merecimento, sairia dali com alguma melhora. Hérnia não tem cura, apenas soluções paliativas e cuidados com o peso, o que não estou tendo no momento.

Tentava manter a cabeça vazia, deixando entrar somente a música. Me mantinha em prece.
Apesar do relaxamento, estava atento a tudo à minha volta. Dona Ida entrou no salão acompanhada de assistentes. Uma prece para pedir a permissão de Deus para mais um dia de trabalho por ali.

Gente, não sei explicar, mas no momento que Dona Ida e sua equipe caminhava de leito em leito, senti um sono incontrolável. A música ambiente entrou no meu pensamento e comecei a viajar. Dona Ida falava baixinho com a equipe. Minha inquietude na cama, deitado inocomodamente de costas, havia cessado de vez. Tentava mexer os dedos, mas não conseguia. Tentava abrir os olhos e ver o que estava acontecendo. Eles não me obedeciam e permaneciam fechados.
Chega a minha vez. Dona Ida toca direto na inflamação no lombar. Os movimentos com os dedos eram circulares. Foram uns dois minutos. Senti um pouco de dor, mas logo apaguei de novo. Daí não lembro mais de nada. Uma prece novamente para agradecer pelo trabalho e encerrar a atividade. Acendem as luzes.
Acreditem: só consegui levantar da cama com a ajuda da minha mãe. Perguntei: "Cheguei aqui caminhando com as próprias pernas e agora estou sendo carregado. Por quê?". Dona Ida responde: "Foi feito um corte dentro e fora da região inflamada. Há parafusos' implantados. Você foi sedado e sentirá dor assim que a anestesia passar. Fique em casa por uns 15 dias sem sair da cama. Você foi submetido a uma cirurgia. Só não está vendo o corte, mas ele está aí".

Graças a esta cirurgia, estou de pé. Só quando estou muito estressado, ocorrem algumas crises e preciso ficar deitado e tomando paracetamol.

Ficou pra mim a lição de fé, uma coisa abstrata que nem todos os repórteres conseguem ver ou sentir porque é impossível descrever. Não é objetivo. "É a fé, essa coisa poderosa, que nasce do teu acreditar...que torna concreto o que já era real", diz o poeta.

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sexta-feira, 11 de junho de 2010

No dois pra lá e dois pra cá

Por Mônica Figueiredo

Em tempos de Bois decidi escrever sobre isso.

A maioria aqui conhece os bois Garantido e Caprichoso não conhece? Pois, bem minha história com esses bois começou há mais ou menos cinco anos quando comecei a trabalhar no aeroporto. Mal sabia que de lá pra cá várias coisas iriam acontecer graças aos queridos boizinhos!

Então, trabalhava na Total que realizava voos pra Parintins e todo santo dia viajava um monte de gente do mundo bovino. Logo que entrei arrumei confusão com a rainha do folclore de um dos bois porque o nome dela não estava na lista de passageiros, então eu disse que ela não iria embarcar e ela disparou:

- Você não sabe quem eu sou? Não está me reconhecendo? Eu sou a Fulana de Tal rainha do Folclore do boi tal!

Respondi:

- Putz! Desculpa mas, a única coisa que conheço “de boi” é o David Assayag (e olhe olhe) e os bois propriamente dito ( e nem sei se saberei diferenciá-los), então, desculpa, mas EU NÃO CONHEÇO VOCÊ E VOCÊ NÃO VAI EMBARCAR se não tiver com o nome na lista! (minha chefe quis me matar e depois se matar por conta disso).

Enfim, não era isso que queria contar, mas é só pra chegar até aqui! Quando passei a ser repórter descobri o tal Curral dos Bois (até aí eu já entendia do babado: Garantido=Vermelho=Coração e Caprichoso= Azul = Estrela) e foi a coisa mais legal que poderia acontecer.

Isso porque no Curral aos sábados que antecedem o Festival de Parintins rola aquela área pra imprensa e foi um excelente local para eu conhecer (logo na minha entrada para o "mundinho press" como diz o Mencius Melo) todas aquelas pessoas que seriam meus colegas de trabalho dali pra frente. Cheguei tímida, falando com poucos e boom! Me soltei.

O mais legal é que aquele assessor que você passa a semana desejando a morte dele por ele não mandar tua resposta, no sábado você dá até beijinho no rosto. Grande parte das pessoas que conheço da área, eu conheci nos currais. Assessores, colegas de outros veículos, rádio, TV, impresso, gente experiente, gente nova e isso te enriquece muito não só como pessoa (pois você ganha amigos), mas também como profissional.

É legal ver as pessoas fora do ambiente de trabalho. Dançando, cantando e se divertindo, seja na festa do Vermelho ou do Azul o importante é a participação de todos e o entrosamento dos colegas da imprensa que chamo carinhosamente de “amigos bovinos”.

Ah detalhe, eu arraso dançando, se tivesse a eleição da melhor "cunhãporanga da imprensa" a briga iria ser feia. Na disputa pode jogar aí Elendrea, Nelly, Marília, Natália, entre outras...

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quinta-feira, 10 de junho de 2010

Pelado, pelado, nu com a mão no bolso

Por Cinthia Guimarães


Durante os seis meses que Raphael Siqueira Filho, vulgo Siqueirinha, permaneceu à frente do Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT), colecionou algumas histórias de destrato e desrespeito a jornalista, inclusive comigo. Seu histórico é longo. Raposa velha, amigo do prefeito Amazonino Mendes, Siqueira já foi juiz aposentado e ocupou diversos cargos estratégicos durante a administração estadual de Amazonino. Como um homem letrado, ele esqueceu as lições de cortesia e civilidade.

Num belo plantão de domingo, fui incumbida da missão de ligar para Siqueirinha com objetivo de perguntar sobre a situação dos pontos de táxi irregulares no centro da cidade:

“Boa tarde, Raphael Siqueira, sou Cinthia Guimarães, repórter do jornal Diário do Amazonas. Tudo bem? Gostaria de tirar uma dúvida com o senhor sobre...”.

Fui interrompida com rispidez:

-“Escuta aqui, garota, eu acabei de dar entrevista pra você! Eu estou na minha casa deitado uma hora dessa, você sabia?”, respondeu ele.

Retruquei:

-“Bom, o senhor falou com a repórter Audrey Bezerra. Eu sou Cinthia Guimarães e minha matéria trata-se de outro assunto. O senhor vai me ouvir ou não?”.

Eu não sabia que a Audrey estava apurando a história de que ele havia recebido R$ 2,2 milhões da prefeitura por desapropriação de um antigo terreno há décadas, como uma jogada suspeita armada pelo prefeito logo que Siqueira assumiu o cargo de diretor-presidente do IMTT.

-“Olha menina, eu to pelado, na minha cama agora. Deixa eu me vestir pelo menos. Aí eu falo com você”, disse o ‘doce’ Siqueirinha. Ele ainda resmungou que certos jornalistas ficavam importunando ele durante sua folga em pleno domingo.

-“Eu estou fazendo meu trabalho, seu Raphael. Jornalistas trabalham aos domingos, se o senhor não sabe! Mas, sem problemas, eu espero o senhor se vestir!”, rebati em tom arrogante.

Minutos depois ele me atende. –“Agora que eu me vesti, pode perguntar. O que você quer saber?”.

Eu fiz algumas perguntas, quando, mais uma vez, ele respondeu como um ‘gentleman’.

-“Eu não tenho essas informações, menina. Minha mente não é um computador. Se você quiser, eu lhe atendo amanhã no meu gabinete”.

“A minha matéria é para hoje, seu Raphael. Ok, obrigada pela sua gentileza e educação. O senhor é muito ‘simpático’”, finalizei em tom de ironia.

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Espreme que sai sangue (da calça jeans)

Por Maria Fernanda Souza


Muitos dos jovens jornalistas, quando iniciam na redação, são logo convocados para trabalhar em duas “cruéis” editorias: Cidades ou Polícia. Comigo não foi diferente. Aos 22 anos, cheia de energia para encarar um jornal diário, fui praticamente obrigada a cobrir ronda policial. No começo, eu odiava. Depois me acostumei. Confesso que, com o tempo, cheguei a gostar do negócio.

Durante os quase cinco que cobri Polícia, vi de tudo: corpo no chão, policiais truculentos, delegados tarados, advogados encrenqueiros e bandidos carismáticos. Vivi muitas “aventuras” durante esse período, com perseguições policiais, tiroteios, desarticulação de operações, e muito, mas muito sangue.

Em um dia qualquer de 2008, tive que cobrir um triplo homicídio, que aconteceu em uma casa no bairro Petrópolis, na Zona Sul de Manaus. Três rapazes foram assassinados a tiros, durante a madrugada. Pela manhã, lá estava eu, com meu uniforme diário: camiseta (geralmente de banda de rock), calça jeans e tênis. E meu inseparável bloquinho, claro.

Depois de conversar com alguns vizinhos, entrei na casa, onde os policiais faziam perícia. O local estava bastante escuro e o cheiro de sangue coagulado fazia meu estômago chacoalhar mais que ônibus lotado indo pra Zona Leste em horário de pico. Com mais vontade de vomitar que não sei o que, acabei escorregando. Caí de bunda na frente dos policiais da Delegacia de Homicídios.

Tateei o chão e senti uma gosma. “Policial, o que é isso?”, questionei, com uma careta. “É sangue”, disse ele, com naturalidade. Levantei e saí da casa. O motorista do jornal, que me aguardava na frente do local, chorava de tanto rir. Tive que agüentar a gozação até chegar em casa, onde ele me levou para trocar de roupa. E claro, nunca mais usei aquele tênis com a sola gasta.


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Comecei do nada. E hoje...sou coisa nenhuma!

Por Carlos Eduardo Matos

Estou no Jornalismo há exatos 10 anos. Comecei trabalhando no jornal impresso Amazonas em Tempo, na época, sob a batuta de Menga Junqueira.

Embora tenha passado pouco tempo ali, nunca vou esquecer daquela fase de foca. Foca mesmo, do tipo que o lendário fotógrafo Raimundo Valentim interpreta: “Pato novo não mergulha fundo...”. Pois é, mas, de cara, me impressionei com aquela redação, velha, desorganizada, com o piso cheio de buracos tapados com golda de cimento. Dezenas de computadores velhos, teclados desgastados.... mesas abarrotadas de papéis riscados, prints de páginas amontoadas sem o mínimo sentido de organização.

A redação, porém, era pujante. À tarde, os jornalistas lotavam o segundo andar daquele prédio velho no bairro Santo Agostinho. Enquanto uns se atarefavam fazendo suas ligações (se escabelavam com a falta de linhas telefônicas) e escrevendo loucamente - de longe de se ouvia o bater das teclas. É que muitos jornalistas ainda eram do tempo das máquinas de escrever e levaram à mania pros computadores -, outros estavam reunidos no fundão batendo um papo, esparando o carro da reportagem, uma ligação, talvez (estou dando motivo para a desocupação, hein...). Outros estavam no pátio fumando, conversando coisas de política, economia, o caos da cidade, enfim. Reuniam-se naquela varanda ninguém menos de Aldísio Filguieiras, Flávio Assen, o Seabra, César Augusto, Osmir, entre outras feras. Sem falar do cheiro de tinta de jornal que circulava em toda a redação. O ambiente era de total desordem, mas o Jornalismo era a alma dali. Fiquei fascinado. Quem trabalhou no Em Tempo naquela época sabe do que estou falando.

O editor de cidades, Augusto Banega, me aceitou porque topei trabalhar de graça. Eu sou filho do amigo do ex-marido de Menga, Marcílio Junqueira, que pediu um favor ao velho de Urucurituba. Apesar da indicação, o teste não foi fácil. Eu estava no quarto período da faculdade. Fiz uma matéria baseada num release. Texto curto, objetivo, com citação e tal. Fiz umas ligações. Direitinho. Banega ficou animado. “Legal. Volta amanhã e vou te dar três pautas”, disse o editor de cidades, com aquela voz altiva, mas embargada, que mal dá pra entender na primeira vez. Se não quiser ficar no vácuo, é bom pedir pra ele repetir o que falou. O cara fala tão rápido que mal mexe os lábios pra pronunciar as palavras. Ruim nas palavras, mas bom nos textos. O barulho que ele fazia no teclado do computador se ouvia na recepção do jornal. Sem exagero.

No dia seguinte, vieram as três missões. O serviço foi pedreira. No outro dia, mais três. E assim foi. Minha vida no Em Tempo foi de altos e muitos baixos. Dias em que quando botava a cabeça no travesseiro, chorava ao lembrar dos esporros em alto e bom som do Banega pra toda a redação ouvir. Era o charme do Banega pegar no pé dos repórteres. O chamado dele por mim ecoava na redação: “Du!!!!! Vem cá!!!”. Era para eu explicar algo não muito claro no texto. Já ia de costas.

Certo dia, depois de tantas matérias mal escritas e de tantos esporros, Banega perdeu a paciência. “Não tenho mais como te ajudar. Vou falar para Menga que você não serve. Meu amigo, vai pra casa, porque jornalista você não vai ser nunca”, aconselhou-me o editor, já puto com tanta merda que eu havia feito.

Um belo dia, um sábado de sol forte, fui escalado para cobrir o cadastramento de candidatos a emprego na área de saúde do Estado. A fila de candidatos passava de 500 metros. O fotógrafo era o Juca Queiroz, hoje do jornal A Crítica. Estamos no pátio da Susam (Secretaria de Estado de Saúde), apurando, conversando com os candidatos. Começa um tumulto no lado de fora. Policiais do Batalhão de Choque chegam. Sem querer saber o que estava acontecendo, um dos policiais atira uma bomba de gás lacrimongênio.

O que esse idiota fez, na verdade, foi o mesmo que explodir o local. As pessoas derrubaram o muro da Susam e invadiram a sede da secretaria, assim que souberam que o processo seletivo fora suspenso. O local virou um campo de batalha. Batalha, mesmo. Gente dando porrada nos policiais, policiais dando porrada até em mulheres grávidas. Uma bomba foi jogava próximo de mim. Minha vista embassou, a garganta fechou e eu quase apaguei ali. Com a pouca visão que tinha, vi o Juca que nem um louco tirando as fotos e com a mão esquerda segurando a gargarta, também se fechando com o efeito do gás. Até que ele também caiu no chão esfregando os olhos vermelhos.

A cavalaria da PM fez sua parte. Soldados jogavam os cavalos em cima das pessoas, davam pancadas de cacetete em quem aparecia na frente. Mais bombas. A Avenida André Araújo fechou. Fiquei tão indignado com aquela cena de barbárie que já estava ajudando as pessoas a saírem daquele inferno.

Toda a raiva, a angustia, o choro no peito e a dor se transformou em um texto de 5 mil caracteres, espalhados em uma página inteira, na capa de cidades. A foto, nem se fala: uma imagem à contra-luz de um policial atirando uma bomba de gás para o alto e uma pessoa caída no chão. Perfeita.

Foi a melhor matéria que escrevi até hoje. Na segunda, depois de três pautas executadas, ouvi um grito do fundo da redação: “Du!!!”. Quase fui até o jarro de areia na varanda pegar um pouquinho. Pra minha surpresa, Banega estendeu a mão: “Parabéns!”. Foi só. Mas foi o suficiente pra voltar a acreditar em mim, na merda que estava fazendo em seguir a carreira jornalística. Em oito meses no Em Tempo, aquele foi o único elogio do Banega. Uma vitória. Apesar de ser o jornal menos lido, o Em Tempo foi uma grande escola. Não sei se isso ainda existe. Paixão é sempre assim: se vê corações onde só há espinhos. Minha paixão por esse desafio foi tão grande que toda matéria que fazia, assinada opu não, eu destacava e colava na parede do meu quarto. Coisa de foca, mesmo.

Ahh...só pra registrar: fui contratado. O piso do jornalista era R$ 800, mas fiquei feliz com R$ 450 ao mês.

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domingo, 6 de junho de 2010

Meu filho estuda! E eu entendi studio

Por Márcio Bastos

Certo dia numa das visitas do Lula ao Amazonas fui escalado pela tv para me credenciar e cobrir toda a "&*^%$#". As 15h houve uma reunião na Suframa, daí fui fazer o caquiado...

O coodenador da tv me liga e pede pra gravar o discurso do Lula na íntegra, até aí tudo bem. Armei meu tripé ao lado do corredor do auditório e esperei os “homens” Lula e cia. chegarem, depois de 1h30 chegou a comitiva e eu feliz da vida com fome, mereço?

Liguei minha “namorada” câmera SONY DSR 300, e o blá blá blá começou... sai um infeliz dos quintos* bate no meu ombro (já fiquei puto) um cinegrafista nunca bate no ombro do parceiro quando o mesmo está gravando, e cheio de moral manda eu sair da frente dele, pode isso?! Fiz cara de mau e olhei pro mané e perguntei, vou sair porquê? Ele faz cara de bobão e mostra pra mim o crachá dele e diz sou da “TVnchjsoioerh” , fala sério! Eu ri muito e disse bem feito! Quem manda não estudar? Virei e continuei gravando. O carinha me olha atravessado até hoje.

Coisas da vida,

@marciobastosTV

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Proposta indecorosa

Por Cinthia Guimarães

Jornalista é, por prerrogativa, um contador de histórias. Histórias e 'estórias' alheias. Mas algumas vezes, nós viramos os protagonistas. Durante esses dois anos como repórter, colecionei algumas situações inusitadas na Câmara Municipal de Manaus (CMM), onde fazia cobertura jornalística para o jornal Diário do Amazonas, do qual faço parte.

Um dia, certo vereador sem-noção quis me dar um "presente de Natal". Segundo ele, havia um envelope com uma quantia de dinheiro (não procurei saber quanto) pra me entregar por eu ser uma pessoa legal! Pensei: Como assim? Sou gentil, educada com todos, mas até hoje só poupei o fulano das matérias polêmicas por ele ser um político muito inexpressivo que nunca mereceu destaque! Respondi: "Muito obrigada, vereador, não preciso do seu dinheiro. Dê para alguém mais necessitado. Isso não condiz com meu trabalho!". Ele: "Mas é só um presentinho, Cinthia". Eu: "Eu não quero. O senhor está me ofendendo". Saí aborrecida e me sentindo ultrajada.

O episódio voltou a se repedir meses depois com outro parlamentar descarado, que um dia me abordou num cantinho da CMM dizendo que tinha o "do guaraná pra mim" porque eu era uma garota muito bacana, correta. Mais uma vez, tratava-se de um vereador inexpressivo (novato na CMM) que pensou que, ao me comprar, garantiria uma abstenção quando houvesse uma eventual crítica contra ele. Olhei pra cicrano e disse: "O que o senhor, está querendo dizer? Eu nunca dei nenhum motivo pro senhor me fazer essa oferta grosseira. Eu trabalho por jornal Diário do Amazonas, e não para o senhor, portanto, guarde seu dinheiro pra você. Se quiser aparecer pague uma assessoria de imprensa". Ele: "O que é isso, Cinthia não queria lhe ofender, só quero lhe ajudar. A 'fulana' (não posso dizer o nome) sempre recebe minha ajuda". Eu: "Quem disse que preciso da sua ajuda?".

Explico: entrevistados e fontes recorrentes agem assim porque profissionais antiéticos se submetem a esse tipo de situação, o que os faz pensar que todos os jornalistas também aceitariam a propostas indecorosas de propinas. Recuse sem saber o que é e de quanto de trata. Ao aceitar, você perde a fonte, perde bom senso e perde o respeito! Não vale a pena!

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sábado, 5 de junho de 2010

O pacote de biscoito e o 'flash limão'

Por Mônica Figueiredo

Nesse pouco tempo (dois anos mais ou menos)que trabalho como repórter consegui reunir uma série de histórias engraçadas (e tristes também) e me senti motivada a escrever nesse blog por pura influência dos meus caros companheiros de profissão. Alguns dos fatos escrevi no meu livro (é, eu tenho um livro) "As reportagens que emocionaram os repórteres" e aos poucos poderei contá-las aqui também.

Bem, quero escrever essa primeira contando algo engraçado (mentira foi triste porque eu estava com fome) mas, a gente sobreviveu. Um belo dia estava numa pauta na Justiça Federal (zona centro-sul) quando um colega da TV me disse que estava tendo uma reintegração de posse, numa comunidade na zona norte de Manaus (não lembro bem onde fica). Então, comigo estava a repórter da Band Ana Paula que acabou indo para a tal reintegração de posse também.

Chegando no local estava maior confusão: mulher chorando, crianças correndo e homens discutindo em frente a um terreno cercado por um grande muro. Tinha polícia, advogado, empresário, dono do terreno todos brigando, resumindo tava o 'samba do criolo doido'.

Deu 10h, 11h, 12h e a coisa foi começando a ficar feia. Só pra constar aquele dia era um típico dia de calor em Manaus meu cérebro já estava fritando com aquele sol. Então, comecei a ficar com fome e quando fico com fome meu mau humor aumenta (acreditem isso é possível). Foi quando falei pra Ana Paula para irmos até comércio da 'tia' logo a frente. Chegando lá, só tinha bolacha e militos. Então pedimos bolachas e uma 'Coca-Cola'.

- Ah, coca não tem não! Só tem esse! falou a Tia mostrando diversas garrafas de Flash: Limão, Uma, Cola... nossa mãe!

Olhei pra Ana Paula, para os meninos (fotógrafos e câmeras) que estavam com a gente e disse!

- Me dê um 'limão' e cinco copos!! (aquela coisa: Tá no inferno, abraça o capeta).

Foi o jeito né, a bolacha já devia estar lá há no mínimo 15 anos, chega estava mole! Confesso que nunca tomei um 'flash limão' com tanta vontade como tomei naquele dia!!! Deu pra aguentar até as 15h! Se eu não me engano, ainda devo R$ 5 até hoje pra Ana Pula porque a Tia não tinha troco!

Ah, e a pauta! Enfim, a briga toda era por conta de um 'pedaço' do muro que os proprietários do terreno queriam derrubar e os invasores (moradores de lá) não queriam deixar.

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A vida após o “Já Pegou o Nome Dela?”

Por Vanessa Brito

Ou seria a vida após a morte? Talvez. Quem não se lembra do fatídico episódio em que esta que vos escreve foi metralhada pelo olhar sensual do então presidente do Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT), Raphael Siqueira? Talvez poucos ainda lembrem, mas é sempre bom deixar um registro, já que esse mesmo registro ficou na mente da repórter que antes “foca”, teve que desabrochar para o mundo da reportagem.

Sem dúvida, ter a liberdade de expressão ameaçada logo nas primeiras semanas de vida na redação de um grande jornal é abalável, mas não é a morte. Eu sou extremamente tendenciosa quanto à política e é fato que estamos nos referindo a nada mais nada menos que ao jeito Amazonino Mendes de administrar a cidade com todos os seus secretários de governo, assessores, paus-mandados e afins. Mas isso não vem ao caso.

O importante é a tristeza ao ver que muitos repórteres ainda são tentados a ficar aquém do direito a informação e do dever de ser interlocutor do povo. A dito popular “seria cômico se não fosse trágico” veio bem a calhar naquele momento. Mas tudo são águas passadas que não voltam mais, chego a pensar até que a notícia é como um rio que muda com as correntezas do vento e do destino.

E cá estou. Não fiquei famosa, não ganhei nenhum prêmio, não ganhei dinheiro ou sequer uma gratificação no salário. Mas ganhei sim, a dignidade do dever cumprido mesmo que às avessas. Depois de ficar espremida em um gabinete, durante a coletiva de imprensa mais marcante da minha vida, de ter sido acoada por olhares tenebrosos de quase todos que ali estavam, sinto que sobrevivi.

E continuo sobrevivendo a cada dia, suportando a cada dia, superando a cada dia, aprendendo a cada dia pelo amor a profissão e pela certeza de que não saberei fazer outra coisa na vida além de tumultuar. Espero que por longos, saudáveis e seguros dias ainda.

E o que aconteceu depois? O coadjuvante dos meus dez minutos de fama foi exonerado do cargo talvez por problemas de má administração. Eu continuo ralando nas pautas com bloquinho, caneta e com a cara de pau a tira-colo. Até agora, minha única herança foram algumas marcas de expressão (rugas) e cabelos brancos na cabeça.

Este é o primeiro de muitos. Deixa estar.

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Apresentação

Por Equipe Vida de Repórter

Caros colegas,

Após vários pedidos, finalmente nosso espaço foi criado.
Você que mora em Manaus ou em outros municípios do Amazonas é repórter e tem histórias interessantes pra contar, compartilhe com a gente.
Esse espaço foi criado para trocarmos conhecimentos e principalmente para termos certeza que as coisas não acontecem só com a gente.
Se você já caiu no meio de uma manifestação, chorou durante uma pauta, errou o texto num link ao vivo, ou ainda teve que se "virar nos 30" para conseguir aquela entrevista, conte pra gente!
É só enviar seu texto para o email: vidadereportermanaus@gmail.com, com sua assinatura e ainda se desejar sua foto que nós publicaremos!
Esperamos contar com a participação de todos. E lembrem-se de enviar quantos textos desejarem!
Vale ressaltar que não publicaremos ofensas gratuitas (mas se merecer vai levar) e nem conflitos pessoais! Quem de alguma forma se sentir ofendido com nossas publicações tem a total liberdade de entrar em contato conosco.
Só não vale é perseguição, sequestros, tiros e emboscadas. E nem xingar no Twitter e hackear nossos computadores.
Sejam, todos bem vindos!