Ser Repórter é...

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quinta-feira, 10 de junho de 2010

Pelado, pelado, nu com a mão no bolso

Por Cinthia Guimarães


Durante os seis meses que Raphael Siqueira Filho, vulgo Siqueirinha, permaneceu à frente do Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT), colecionou algumas histórias de destrato e desrespeito a jornalista, inclusive comigo. Seu histórico é longo. Raposa velha, amigo do prefeito Amazonino Mendes, Siqueira já foi juiz aposentado e ocupou diversos cargos estratégicos durante a administração estadual de Amazonino. Como um homem letrado, ele esqueceu as lições de cortesia e civilidade.

Num belo plantão de domingo, fui incumbida da missão de ligar para Siqueirinha com objetivo de perguntar sobre a situação dos pontos de táxi irregulares no centro da cidade:

“Boa tarde, Raphael Siqueira, sou Cinthia Guimarães, repórter do jornal Diário do Amazonas. Tudo bem? Gostaria de tirar uma dúvida com o senhor sobre...”.

Fui interrompida com rispidez:

-“Escuta aqui, garota, eu acabei de dar entrevista pra você! Eu estou na minha casa deitado uma hora dessa, você sabia?”, respondeu ele.

Retruquei:

-“Bom, o senhor falou com a repórter Audrey Bezerra. Eu sou Cinthia Guimarães e minha matéria trata-se de outro assunto. O senhor vai me ouvir ou não?”.

Eu não sabia que a Audrey estava apurando a história de que ele havia recebido R$ 2,2 milhões da prefeitura por desapropriação de um antigo terreno há décadas, como uma jogada suspeita armada pelo prefeito logo que Siqueira assumiu o cargo de diretor-presidente do IMTT.

-“Olha menina, eu to pelado, na minha cama agora. Deixa eu me vestir pelo menos. Aí eu falo com você”, disse o ‘doce’ Siqueirinha. Ele ainda resmungou que certos jornalistas ficavam importunando ele durante sua folga em pleno domingo.

-“Eu estou fazendo meu trabalho, seu Raphael. Jornalistas trabalham aos domingos, se o senhor não sabe! Mas, sem problemas, eu espero o senhor se vestir!”, rebati em tom arrogante.

Minutos depois ele me atende. –“Agora que eu me vesti, pode perguntar. O que você quer saber?”.

Eu fiz algumas perguntas, quando, mais uma vez, ele respondeu como um ‘gentleman’.

-“Eu não tenho essas informações, menina. Minha mente não é um computador. Se você quiser, eu lhe atendo amanhã no meu gabinete”.

“A minha matéria é para hoje, seu Raphael. Ok, obrigada pela sua gentileza e educação. O senhor é muito ‘simpático’”, finalizei em tom de ironia.

TODOS OS TEXTOS SÃO DE RESPONSABILIDADE DOS AUTORES, NÃO COINCIDINDO, NECESSARIAMENTE, COM O PONTO DE VISTA DA EQUPE VIDA DE REPÓRTER

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