Ser Repórter é...

Ser Repórter é...

sábado, 5 de junho de 2010

A vida após o “Já Pegou o Nome Dela?”

Por Vanessa Brito

Ou seria a vida após a morte? Talvez. Quem não se lembra do fatídico episódio em que esta que vos escreve foi metralhada pelo olhar sensual do então presidente do Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT), Raphael Siqueira? Talvez poucos ainda lembrem, mas é sempre bom deixar um registro, já que esse mesmo registro ficou na mente da repórter que antes “foca”, teve que desabrochar para o mundo da reportagem.

Sem dúvida, ter a liberdade de expressão ameaçada logo nas primeiras semanas de vida na redação de um grande jornal é abalável, mas não é a morte. Eu sou extremamente tendenciosa quanto à política e é fato que estamos nos referindo a nada mais nada menos que ao jeito Amazonino Mendes de administrar a cidade com todos os seus secretários de governo, assessores, paus-mandados e afins. Mas isso não vem ao caso.

O importante é a tristeza ao ver que muitos repórteres ainda são tentados a ficar aquém do direito a informação e do dever de ser interlocutor do povo. A dito popular “seria cômico se não fosse trágico” veio bem a calhar naquele momento. Mas tudo são águas passadas que não voltam mais, chego a pensar até que a notícia é como um rio que muda com as correntezas do vento e do destino.

E cá estou. Não fiquei famosa, não ganhei nenhum prêmio, não ganhei dinheiro ou sequer uma gratificação no salário. Mas ganhei sim, a dignidade do dever cumprido mesmo que às avessas. Depois de ficar espremida em um gabinete, durante a coletiva de imprensa mais marcante da minha vida, de ter sido acoada por olhares tenebrosos de quase todos que ali estavam, sinto que sobrevivi.

E continuo sobrevivendo a cada dia, suportando a cada dia, superando a cada dia, aprendendo a cada dia pelo amor a profissão e pela certeza de que não saberei fazer outra coisa na vida além de tumultuar. Espero que por longos, saudáveis e seguros dias ainda.

E o que aconteceu depois? O coadjuvante dos meus dez minutos de fama foi exonerado do cargo talvez por problemas de má administração. Eu continuo ralando nas pautas com bloquinho, caneta e com a cara de pau a tira-colo. Até agora, minha única herança foram algumas marcas de expressão (rugas) e cabelos brancos na cabeça.

Este é o primeiro de muitos. Deixa estar.

TODOS OS TEXTOS SÃO DE RESPONSABILIDADE DOS AUTORES, NÃO COINCIDINDO, NECESSARIAMENTE, COM O PONTO DE VISTA DA EQUPE VIDA DE REPÓRTER

3 comentários:

  1. Muito legal, mas me responde uma coisa: Já pegou o nome dela?

    ResponderExcluir
  2. Esqueceu de dizer que ganhou uma fã!
    Parabéns pela coragem e nunca perca esse espírito livre que todo jornalista precisa cultivar dentro de sí!

    Adorei o blog! :)

    ResponderExcluir
  3. O texto é irônico e diz tudo. Está do jeito que eu gosto (hehehehe). Parabéns! Sou tua fã. bjs

    ResponderExcluir

Vida de Repórter